Lucro em grupo

Categoria: Geral | Publicado: sexta-feira, março 24, 2017 as 14:31 | Voltar

Produtores de leite das regiões de Potirendaba (SP) e também de Baependi (MG) aprenderam a lidar com diferenças e resolveram fazer tanto a compra de insumos quanto a venda de leite em grupo. O excelente resultado? Você vê na nossa reportagem de capa

Nina Souza

A expressão “a união faz a força” vem ganhando espaço nas rodas de conversas e reuniões de pecuaristas leiteiros brasileiros. Juntar-se para comprar insumos em grandes quantidades garante a redução no custo final de produção  e tem sido prática comum nas regiões leiteiras.  Alguns grupos mais experientes já deram um passo além e negociam também o leite produzido, ganhando o bônus que a indústria costuma pagar pela entrega de volumes maiores.

“O cenário da união, do cooperativismo no campo está fortalecido”, afirma o consultor Aldo Rezende Fernandes, do escritório regional de Araçatuba do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-SP). Entre os motivos, estão a dificuldade econômica do País, que atinge também os produtores rurais, a alta dos insumos e, no caso do leite, em especial, a sazonalidade do preço. Por isso, qualquer centavo de economia faz diferença na hora de fechar as contas.

De acordo com o consultor, atualmente o produtor de leite, principalmente o pequeno e familiar, que é o perfil da maioria, tem duas saídas para permanecer na atividade: verticalizar a produção (o caminho mais difícil e que requer investimentos) ou juntar-se com outros pecuaristas e organizar as compras e vendas em conjunto, por meio de cooperativas, associações ou mesmo de uma central de compras.

A segunda alternativa tem se mostrado a melhor opção e a mais difundida nos últimos tempos, vencendo a resistência de muitos produtores de leite, que costumam trabalhar sozinhos. “Além da necessidade econômica do momento, também estamos percebendo uma boa sucessão familiar no campo. A nova geração está chegando com uma visão moderna, mais empresarial, mesmo em propriedades familiares”,
acrescenta Fernandes.

Em Potirendaba, no noroeste de São Paulo, uma das grandes regiões produtoras de leite do Estado, desde 2014 um grupo de 22 pecuaristas entrega sua produção para ser negociada pela Associação dos Produtores Rurais da cidade. O preço chega a ser 30% maior comparado ao valor pago para aqueles que entregam individualmente, em menor quantidade. “Temos o preço base do litro, mas a indústria paga bônus por alguns parâmetros. E a maior bonificação é pelo volume”, explica o veterinário da Casa da Agricultura do município, Clodoveu Nicola Colombo Júnior, conhecido como Júnior Colombo, um dos apoiadores do grupo. Para se ter ideia, um laticínio da região paga bônus de R$ 0,13/litro para volumes acima de 5 mil litros, enquanto a bonificação por gordura e proteína chega a, no máximo, R$ 0,05/litro.

A organização das vendas do leite em conjunto começou em 2014, quando a associação, com a ajuda de Júnior Colombo, se habilitou para o Programa Estadual de Microbacias, por meio do Projeto Cati Leite. Com isso, a associação conseguiu comprar um caminhão, um tanque refrigerado com capacidade para 10 mil litros e 13 tanques de expansão. “Em dois anos já estamos com tanque de 14 mil litros. Isso mostra que estamos no caminho certo”, comemora o veterinário. “É uma luta diária e o produtor rural precisa se unir. Sem esse tipo de incentivo a grande maioria para de trabalhar com leite”, avalia.

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